- O moicano do Cascão, que só dura esses dois números mesmo, e no próximo o cabelo dele volta pro estilo clássico;
- O estilo chibi dos personagens super fofíssimo que os desenhistas acataram pra fazer nos momentos de alívio cômico;
- O arco principal da história, que é sobre a sobrevivência da amizade além do tempo.
Eu já dei uma breve explicação nos tópicos, mas basicamente essa aventura fala sobre como o Cascão e o Cebola estão amadurecendo e, por isso, se afastaram um pouco. Quer dizer, o Cebola conseguiu namorar a Mônica depois de tantas brigas e desentendimentos e estava super feliz com isso, além de ter acabado de voltar de um intercâmbio de seis meses da Austrália. Claro que ele ia passar mais tempo com a namorada do que com os amigos, além de que são todos adolescentes na casa dos 15/16 anos, então isso acontece mesmo, até você ter maturidade o suficiente de equilibrar o tempo que você gasta em namoro com o tempo que gasta com amizade demora um pouco. Mas o Cascão tava se sentido deixado de lado por conta disso, já que ele mesmo namora com a Cascuda e tecnicamente sempre soube administrar bem o tempo dele com namoro e amizade. Bem, eu pessoalmente discordo e acho que ele deveria passar mais tempo com a namorada, mas se for parar pra pensar ele até que se sai bem nisso. Enfim, o Casca e o Cê brigam por videochamada, nessa qual o Cebola estava tentando convidar o amigo dele pra assistir a um filme de terror, só que nessa briga eles desfazem a amizade deles. E a aventura cabeluda desses números é que o Cebola e geral que assistiu ao filme ficou em estado catatônico e não respondia a nenhum estímulo externo, e por isso o Cascão atravessa realidades alternativas e enfrenta criaturas malignas para salvar os amigos dele, inclusive o Cebola.
Essa aventura particularmente pegou num ponto dentro de mim porque fala muito sobre como o Cascão guarda mágoas da amizade dele com o Cebola e sobre ele se libertar dessa mágoa, da culpa e das inseguranças que ele sente de não estar no mesmo nível que o amigo e por isso ele teria sido esquecido. É uma aventura que fala sobre perdoar e libertar o coração de sentimentos ruins acerca das pessoas que ama ou já amou, porque essa amizade que você tem com elas é mais importante e mais duradoura do que qualquer coisa que poderia abalar esse sentimento tão forte de amor que nutrem um pelo outro. E a grande lição de moral é que, mesmo que as partes de uma amizade mudem, amadureçam, tenham rotinas diferentes e se encontrem menos vezes do que se encontravam antes, nada disso pode ser o suficiente para acabar com essa amizade.
Quando eu vi isso, quem ficou em estado catatônico foi eu. Porque eu estava lendo sobre isso justamente quando eu estava sentindo um sentimento negativo por uma amizade, por causa daquele algo que eu havia descoberto. Fiquei me sentindo meio bobona, porque sabe aquele momento em que um desenho considerado infantil te ensina uma coisa tão "óbvia" mas tão profunda, que mesmo sendo óbvia e boba você quase sempre esquece de praticar e acaba se rendendo a sentimentos mundanos e "feios"? Bem, eu me senti assim, meio envergonhada de mim mesma, pensando "nossa, como eu queria ser assim". Mas a verdade é que é muito difícil. E que eu não sou um personagem de gibi.
Fico pensando que também gostaria de "me perdoar e perdoar os outros", me libertar desses traumas e não ficar sentida com as mínimas coisas que acontecem nas minhas amizades. Mas eu infelizmente sou assim. Infelizmente eu gosto de cuidar e nutrir as minhas amizades e fico triste quando vejo minha plantinha da amizade definhar e murchar, porque é uma plantinha que precisa de duas pessoas ou mais cuidando. Acho que é diferente da amizade entre o Cascão e o Cebola porque é como se a planta deles fosse uma árvore bem grande, então é muito difícil dessa planta morrer mesmo, diferente das amizades que são plantadas mais recentes. Mas acho que mesmo assim eu não conseguiria ter a cabeça tão centrada igual o Cascão pra poder chegar nessa "paz de espírito". Não consegui ser tão evoluída a esse nível e talvez eu reencarne como um porco-do-mato na próxima vida. Mas essas duas edições, além da série toda da Turma da Mônica Jovem, serviram de muita inspiração pra mim, talvez não pra eu seguir tudo à risca, mas pra pelo menos refletir como eu posso ser uma versão um pouquinho melhor de mim mesma a cada dia.
Acho que eu gostaria de voltar aqui e falar mais sobre Turma da Mônica também, seja reflexões sore a leitura ou só comentando o quanto eu gosto de edição tal. E de bônus deixo aqui uma referência belíssima a Meu Amigo Totoro, àquela cena das irmãzinhas debaixo da chuva junto com o Totoro.



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