Continuo frustrada comigo mesma. Sigo tentando, mas é muito difícil. Quer dizer, sem terapia, acompanhamento psciológico e tudo o mais realmente é bem difícil. Estou completamente sozinha nessa jornada de me entender, me cuidar e de ter controle sobre os meus próprios pensamentos. Sozinha porque minha rede de apoio não está sendo uma das melhores agora, mas também é um pouco de culpa minha porque eu sempre acho que é melhor se eu me afastar de todo mundo. É melhor que eu não fale pra ninguém sobre as coisas que eu sinto, porque sempre parece que eu estou sendo uma coitada. Ou que os meus problemas não são ruins o suficiente para serem divididos. É como se eu sempre estivesse devendo algo para as pessoas. Eu tenho quase certeza que já falei sobre esse sentimento no blog, mas o que eu quero trazer agora é outra perspectiva quanto a isso.
Agora me sinto mais tranquila e menos ansiosa, então essa é uma análise muito mais lógica do que eu escreveria em um momento de muito nervosismo.
Essa semana foi horrível pra mim, em todos os sentidos possíveis. E, por mais que eu não queira confessar, ver meus amigos não dando tanta importância pra isso quanto eu esperava que eles dariam me deixou chateada. Mas para dar um desconto para eles, eu não cheguei diretamente a eles dizendo "estou mal e quero desabafar", porque como eu disse eu me isolei um pouco. Mas eu também não escondi que estava me senti mal. Eu sou uma pessoa que sempre pergunta pra pessoa se algo aconteceu quando a pessoa aparenta estar mal, então eu estava esperando a mesma coisa vindo deles. Mas eles não tem culpa nisso, e nem eu.
Enfim, parece que eu continuo esperando que as outras pessoas queiram me ajudar, quando no final eu que tinha que fazer isso por mim, mas é muito difícil. Difícil porque minha cabeça não para. Sempre que eu tenho um dia ruim, a minha cabeça começa o terror, e acho que é por isso que eu espero que os outros possam me ajudar: porque eu estou tentando pedir socorro de mim mesma. No final eu sou a pessoa que mais me prejudica de forma inconsciente. Se eu falo algo, minha cabeça começa a pensar: e se eu falei demais? E se eu falei algo ruim? E se a pessoa interpretar de forma negativa? E se eu ofendi ela? Eu não queria soar ofensiva. Eu deveria pedir desculpas? Mas desculpas pelo quê? Na verdade, era melhor se eu só sumisse da vida dessa pessoa, eu faria um favor a ela. E eu fico nessa espiral até me sentir realmente mal por algo que nem é tão sério ou grave. É como se fosse um pensamento obsessivo, se isso existir. Eu fico absorta em pensamentos negativos como se tivesse no fundo do mar e não me afogasse, mas também não conseguisse subir à superfície. E aí chega um momento em que eu só quebro, puramente por minha causa. Ou por causa da minha cabeça. Não sei se reconheço minha cabeça como eu mesma, é como se fosse uma outra versão minha, uma versão do mal que só quer me prejudicar.
Foi muito triste esses últimos dias. Além de acontecer coisas ruins, eu disse muitas coisas ruins pra mim mesma, coisas que eu sempre venho me dizendo há anos e que sempre me machucam. Eu as digo e as repito até começar a acreditar nelas de novo, e todo o trabalho que eu tive de desconstruir esses pensamentos e de me amar mais e me julgar menos vai todo por água abaixo. E é mais complicado ainda eu não conseguir controlar o que eu digo pra mim mesma dentro da minha cabeça, não posso simplesmente silenciá-la. Então eu acabo aceitando tudo o que ela diz, talvez como uma forma de me proteger. Porque não é possível que o problema esteja totalmente nas outras pessoas, então obviamente o problema está 100% em mim. Sei que isso seria impossível e o mais provável é que seja uma mistura dos dois, ou até mesmo nem um e nem outro, mas é muito mais fácil a minha cabeça se convencer mais de uma coisa do que da outra.
Hoje, voltando pra casa no ônibus, com a cabeça cheia gritando todo tipo de coisa ruim, peguei a minha parte consciente refletindo: será que só a minha cabeça é assim? Não é possível que não exista outras pessoas com esses mesmos sintomas, não é? Com essa mesma configuração, com esse mesmo sistema na mente. Será que só eu fico presa nos mesmos pensamentos em repetição por uma hora seguida? Até outros pensamentos chegarem e tomarem o lugar, como se trocassem de turno, e ficam aí girando por mais uma hora?
Eu sei que se eu começasse uma terapia ou consultas com psicólogo eu saberia que isso tem nome, que isso tem tratamento, que isso tem uma solução para se amenizar, mesmo que não suma completamente ou não tenha cura, que isso deve ter um remédio para combater. E eu bem que gostaria de começar um tratamento, mas isso é uma coisa mais complicada. Enfim, quem sabe um dia lá no futuro eu não consiga começar? Até lá, sou só eu tentando muito me entender e lutar contra isso, e vai ser só eu dizendo toda vez que essas coisas que eu penso não são reais. Vou tentar reafirmar pra mim todos os dias e todas as vezes o que é verdade e o que é mentira, assim como eu já venho fazendo. Só é difícil quando eu tenho essas recaídas e sou só eu contra elas. Porque mesmo que eu queira ajuda dos meus amigos, e mesmo que eles digam tudo o que eu preciso ouvir, é difícil da minha cabeça acreditar, e só eu posso fazê-la acreditar nas verdades.
E bem, as verdades? São que eu não sou tão ruim quanto eu faço parecer para mim mesma que sou. Eu não sou esse monstro que minha cabeça pinta. E, mesmo que eu erre, eu reconheço meus erros e me arrepender deles e me sentir culpada já são o suficiente, eu não preciso me julgar além disso por cada coisa boba que faço. E eu não estou errada o tempo todo, e nem tudo o que eu falo é ruim. E mesmo que as pessoas não gostem de mim (o que eu também tento me convencer de que não é verdade, mas sobre o que os outros sentem eu não posso ter a certeza absoluta até que eles digam), não significa que todos não vão gostar, e não significa que eu mereça me sentir odiável e solitária, e que eu não preciso me sentir solitária se eu tiver a mim mesma. A verdade é que eu sou muito mais humana do que penso ser, que não sou tão diferentes de outras pessoas que erram e acertam, e que tá tudo bem. Mas é uma batalha muito interna me convencer disso tudo com facilidade. Ainda.
Acho que esse post foi mais uma carta aberta para mim mesma, um jeito pessoal de eu colocar as coisas que eu sinto em ordem na minha cabeça. Escrever sempre me ajudou, na verdade. E como sei que ninguém vai ler isso, acho que tá tudo bem em eu me expor um pouquinho assim. Mas se alguém ler, espero que possa responder a pergunta que deixei no título desse post. Eu ia postar outra coisa antes aqui, e na verdade só ia fazer um post semana que vem, mas essa semana pedia um desabafo maior e mais trabalhado. E em comemoração do novo álbum do Twenty One Pilots, que foi a única coisa boa que eu tive hoje, aqui vai uma música que talvez represente bastante uma faceta do que eu sinto.



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